O VERSO

O verso não nasce,

é arrancado!

Não está na flor,

mas no polem que se espalha

pela terra, no ato sexual

com abelhas e beija - flores,

que nós nem reparamos!

O verso está nas brisas

que sopram nos altos e nos chãos,

mas também soterrado

nas entranhas do reino dos mortos

do deus Hades, senhor das profundezas!

O verso não é materializado

como escultura pelo poeta,

já é cascalhos e pedregulhos

que pisamos todos os dias

e muito pouco nos importa!

O verso é todo sentimentos,

simpatia, antipatia, empatia,

ama e odeia da mesma forma!

A poesia que o verso encarna

não é coisa de ideologia,

expressa sim miséria e opressão

mas não é mastro nem bandeira!

O verso é como uma fada,

encanta quanto desencanta,

espanta até, e com um espanto

que faz do espantado acreditar

que Deus criou o mundo naquela hora!

O verso é líquido,

meloso como lava de vulcão

que se esparrama, molha e queima,

mas também é água de rio

e dos mares por aí a fora!

O verso é como pedra

avalanchando pelas encostas

das grandes e pequenas montanhas,

pedra alicerce de construções,

munição mortal de atiradeira!

O verso é coisa sem demora,

todas as coisas num só momento,

todos os momentos num só agora!

Antonio Marchetti
Enviado por Antonio Marchetti em 30/06/2021
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