O VERSO
O verso não nasce,
é arrancado!
Não está na flor,
mas no polem que se espalha
pela terra, no ato sexual
com abelhas e beija - flores,
que nós nem reparamos!
O verso está nas brisas
que sopram nos altos e nos chãos,
mas também soterrado
nas entranhas do reino dos mortos
do deus Hades, senhor das profundezas!
O verso não é materializado
como escultura pelo poeta,
já é cascalhos e pedregulhos
que pisamos todos os dias
e muito pouco nos importa!
O verso é todo sentimentos,
simpatia, antipatia, empatia,
ama e odeia da mesma forma!
A poesia que o verso encarna
não é coisa de ideologia,
expressa sim miséria e opressão
mas não é mastro nem bandeira!
O verso é como uma fada,
encanta quanto desencanta,
espanta até, e com um espanto
que faz do espantado acreditar
que Deus criou o mundo naquela hora!
O verso é líquido,
meloso como lava de vulcão
que se esparrama, molha e queima,
mas também é água de rio
e dos mares por aí a fora!
O verso é como pedra
avalanchando pelas encostas
das grandes e pequenas montanhas,
pedra alicerce de construções,
munição mortal de atiradeira!
O verso é coisa sem demora,
todas as coisas num só momento,
todos os momentos num só agora!