Em cada passo

Não te enviarei qualquer sentido

que faça diluir ou esmaecer

o que só cabe a cada um

e entre vocês, florescer

e mesmo na correnteza fluirá límpida,

cada gota que orvalha em todos

pois, por reflexo,

jamais permitirei que sejam agudos

e moldem o côncavo em convexo

e mesmo que seja em brumas teu amanhecer

não será justo a não permissão do tempo,

até que chegue o sol e os façam ver

que são todas tuas, as manhãs de inverno

não te enviarei retalhos ou refugos

de caminho outro que não calçado

em teus próprios calcanhares

ali firme e para além de justo

não te elevarei altares

mesmo que o enlevo não seja visto das planícies

e na subida sejam eles, teu anelo mais dorido

ficarão todos eles em teu corpo

marcas de um trajeto vivido

de um percurso sabido

mas nunca mal contado

por qualquer gosto impreciso

é, não te enviarei cuidados

pois sabes do que lhe foi incumbido

nem mesmo em dias segredados,

as confissões admitiram atrasos

nesses teus laços repletos de riscos

já que ousastes o voo soprado

verás em cada coragem vestida

um pouco do que semeastes

um pouso do que é tão pouco

e mesmo que seja bruma ou mesmo na correnteza

não te enviarei refugo, não te darei retalho

não te doarei cuidados, nem te darei sentido

desvelará por si, tudo...

... em cada passo dado!

Kátia de Souza - 22/06/2021