Fagulha


Acho que eu andava nos escombros da vida.
Fugitiva de mim, eu fui.
Anestesiei pulsões.
Pintei de muitos tons de cinza minhas paredes.
Fechei janelas para o sol não tatuar meu corpo,
E pra lua não pratear minhas palavras.
A mente era obtusa, nebulosa.
A emoção, amanhecida como pão velho.
Mas...
Uma fagulha incendiou minha inteligência:
Um dia entendi que há plenitude no "nada".
E eu quis ser pura "falta", para poder ser "tudo".
Tudo de vida em mim.
E posse de mim.