Aprendi: "homem não chora"

Aprendi: "homem não chora"

e engoli o choro sempre

numa angústia permanente

numa dor que estertora

e as lágrimas contidas,

represadas com o tempo,

arrebentam-se por dentro

deixando marcas e feridas,

demoram a cicatrizar

e a mágoa escondida

não deságua reprimida

e o coração a palpitar.

Venci o preconceito

e a lição desaprendi;

na velhice reaprendi

a desabafar do meu jeito

contido ainda, confesso,

um pouco mais confortado

abrindo o pranto do passado,

entretanto com progresso,

choro a vitória do time,

o nascimento do neto,

choro pelo futuro incerto;

o pranto é um canto sublime.

©Bispoeta