ESPANTALHO

Coloquei um espantalho

No meu milheral

Para afugentar

Os passarinhos

Que estavam fazendo

Um estrago danado

Na minha plantação.

No outro dia, quando fiz

A visita matinal,

Nem quis acreditar!

Olhei com atenção,

Tudo estava normal.

As espigas

Como era bom vê-las

Sadias, belas e tê-las

À palma da mão.

Ao lado, num galho,

Vistoso passarinho

Sorria da minha

Incredulidade , se via,

Na face dele que luzia,

Que ele queria

Nao de mim troçar,

Apenas chamar-me

À atenção :

-- Por que o alarde?

Qual a surpresa?

Tiveste o trabalho

De fazeres um espantalho

E colocá-lo no meio

Do milheral

Para nos afugentar!

Teu ato foi inútil e feio.

Viu pra surpresa tua, irmão,

Que tudo está intacto.

Nenhuma espiga

Estragada, jogada no mato!

-- Moço, pior espantalho,

Que nao está fincado

Em nenhum madeirame

Ou galho,

Cruel, perverso e apavorante

É o ignorante

Ser humano,

Que movido por

Diabólicos planos

De riqueza,

Escraviza o próprio ser humano ,

E dele nao fugimos;

E ha dentre eles,

Os chamados

Animais racionais

Que nos maltratam,

E por brincadeiras

Imbecis alguns nos matam,

Nos aprisionam

Em gaiolas infames,

E nao odiamos

Os denominados

Bichos-homens!