O FUTURO DO POETA
Diante da nova ordem mundial
o poeta desfila seu cortejo verbal
e, no andor,
levada pelas mãos do amor,
as vestes da poesia roçam o chão
espalhando o seu pólen sobre a multidão...
O que pode o novo poeta,
diante de turbulentos asseclas,
erigir em feitos e conhecimentos
se o que lhe vai dentro,
acumulado em sentimento,
ninguém mais repara,
a alta casta, o clero,
o conselho de anciãos,
nas filigranas do seu cérebro
e do seu coração?
Escreva em papiros tecnológicos,
esgrime com controles remotos;
hoje, mais do que ontem
e muito mais que amanhã,
o futuro reservado à palavra
te dirá sobre a loucura
que nos envolve,
se a alma do poeta
permanece sã
e, neste mundo,
como se resolve...