Sagrado Ócio
Sagrado Ócio
Não digam que não se pode mais viver no ócio!
Ficar parado debruçado na janela,
Escutando os passarinhos na alegria do amanhecer
Sentir no rosto os primeiros raios de sol,
O cheiro das plantas, as primeiras brisas da manhã
. . . coisas que fazem sonhar.
Não digam que se deve abdicar desses dons
Para se emaranhar em uma correria louca,
Na qual não enxerga nada, não se contempla nada,
E não permite vislumbrar beleza alguma,
Nas expressões, nos olhares, nos sorrisos
. . . coisas que atrapalham apaixonar.
Vá pra lá mundo, com suas maneiras
De impor suas pressas, suas ansiedades,
Seus modismos recheados de consumimos
Que tornam viventes escravos amordaçados, vendados,
cadeias cruéis que impendem o humano de ser
. . . coisas que fazem chorar
Sagrado ócio que permite respirar, inspirar, expirar.
Não correr, caminhar aos raios do sol
Não só olhar, contemplar os pássaros
Não só ver, perceber belas flores, seus bons cheiros
Essências, dádivas, presença do Criador
. . . Coisas que fazem celebrar
E então digam que se pode viver no ócio juntos
Escutar os pássaros, debruçados, abraçados
Esquecendo correrias, loucuras, modismos
Percebendo que os perfumes das flores
Misturam-se aos corpos, almas e suas essências
. . . coisas que se fazem no ato de amar
Divino de Paula