Resgate da sombra
Desperto.
Levanto da cama e sigo em direção ao jardim.
Grito desesperada, colérica, aturdida.
- Como? Destruíram a nova fachada de minha casa?
Sinto um descompasso na mente, uma sensação de desmaio, um desespero que há tempo não é mais habitual em mim.
A dor que experimentara em todo o meu ser, fez-me urrar como um animal prestes a ser abatido.
Saio correndo em direção a minha vizinha na esperança de uma resposta.
Indiferente, limita-se a achar um culpado.
Concordamos que o culpado seria um antigo desafeto.
- Claro! Ele não aguenta saber que estou bem!
Volto para casa com mais ódio
Miro os escombros
Recobro de quanto gastara para construir uma nova fachada.
Blasfemo.
Praguejo.
Alimento o desejo de vingança.
Altiva. Impiedosa. Intolerante.
Assusto-me comigo mesma.
Por que estou sentindo tantos sentimentos odiosos?
Por que estou amaldiçoando-o?
Por que estou a suplicar vingança aos Céus?
Como posso ainda querer arquitetar uma resposta à altura?
Decididamente esta mulher não sou eu.
Mas como não ser, se reconheço nela a minha face, o meu corpo, a minha casa?
Recordei-me que aprendi a não alimentar o mal querer dentro de mim.
Desfaleço entre a revolta, a compaixão e o mal-estar.
Abro os olhos.
Respiro por um minuto aliviada ao perceber que fora apenas um pesadelo.
Sim, apenas um minuto...
Quem seria aquela mulher desajustada, desnuda?
Se o pesadelo fosse realidade, sentiria tamanho rancor e revolta?
Sim, aquela mulher revoltada provavelmente seja uma de minhas sombras
A reprimir as minhas emoções mais vis
A temer olhar para o meu interior sem fachadas
A necessitar reeducar os animais raivosos que habitam nos meus porões.
“A negação da sombra é exatamente o que a alimenta”
Envergonhada, apelei aos Anjos:
Ajudem-me a não viver na ignorância de mim mesma.
Ajudem-me a ter coragem de enxergar o que precisa ser visto.
Ajudem-me a reconstruir muros, mas vivendo a paz, a alegria e o amor sem fim.
Desperto.
Levanto da cama e sigo em direção ao jardim.
Grito desesperada, colérica, aturdida.
- Como? Destruíram a nova fachada de minha casa?
Sinto um descompasso na mente, uma sensação de desmaio, um desespero que há tempo não é mais habitual em mim.
A dor que experimentara em todo o meu ser, fez-me urrar como um animal prestes a ser abatido.
Saio correndo em direção a minha vizinha na esperança de uma resposta.
Indiferente, limita-se a achar um culpado.
Concordamos que o culpado seria um antigo desafeto.
- Claro! Ele não aguenta saber que estou bem!
Volto para casa com mais ódio
Miro os escombros
Recobro de quanto gastara para construir uma nova fachada.
Blasfemo.
Praguejo.
Alimento o desejo de vingança.
Altiva. Impiedosa. Intolerante.
Assusto-me comigo mesma.
Por que estou sentindo tantos sentimentos odiosos?
Por que estou amaldiçoando-o?
Por que estou a suplicar vingança aos Céus?
Como posso ainda querer arquitetar uma resposta à altura?
Decididamente esta mulher não sou eu.
Mas como não ser, se reconheço nela a minha face, o meu corpo, a minha casa?
Recordei-me que aprendi a não alimentar o mal querer dentro de mim.
Desfaleço entre a revolta, a compaixão e o mal-estar.
Abro os olhos.
Respiro por um minuto aliviada ao perceber que fora apenas um pesadelo.
Sim, apenas um minuto...
Quem seria aquela mulher desajustada, desnuda?
Se o pesadelo fosse realidade, sentiria tamanho rancor e revolta?
Sim, aquela mulher revoltada provavelmente seja uma de minhas sombras
A reprimir as minhas emoções mais vis
A temer olhar para o meu interior sem fachadas
A necessitar reeducar os animais raivosos que habitam nos meus porões.
“A negação da sombra é exatamente o que a alimenta”
Envergonhada, apelei aos Anjos:
Ajudem-me a não viver na ignorância de mim mesma.
Ajudem-me a ter coragem de enxergar o que precisa ser visto.
Ajudem-me a reconstruir muros, mas vivendo a paz, a alegria e o amor sem fim.