QUANDO CHEGAR A PRÓXIMA CHUVA

Como um trapaceiro em uma mesa de jogo

Minha força se despediu de mim alguns dias atrás

Foi embora zombando do meu velho corpo

Mas que audácia! Agora nem me levanto mais

Como uma pérfida e desdenhosa amante

Meu embaçado olhar me traiu o sentido

Já nem lembro das cores e formas como antes

Sou traído! Ah como sou traído

Como um infeliz carcereiro desalmado

Que quebrou meus dentes sem a menor consciência

Enfim não falo mais, com meu fôlego acovardado

Apenas gestos são os fantoches da minha reminiscência

Mais ainda preciso viver mais um bocado

Pelo menos até a chuva chegar

Será o convite do meu fim batendo no telhado?

Oh chuva como anseio em te escutar!