RATOEIRA
Há presenças indesejáveis
e o rato sabe disso
bem melhor
do que qualquer pessoa
ao menos pudesse
compreender.
Sem rumo, destino insólito
o roedor busca pedaços
de alimentos que o nutra
sem nem ao menos,
por instinto,
desconfiar do seu fim.
Pobre animal!
Chega o momento da isca,
pronta para o abate,
esta repleta de luz.
onde,
ao céu aberto desfaz
em migalhas incólumes.
O rato aparece faminto.
Sua família precisa
(cada membro)
aguarda ansiosamente por algo
uma chance de dignidade ao sol
(este astro rei escaldante)
sem teto que os protejam
Observa a oportunidade
e a devora
Enquanto isso, a ratoeira o pega
Sem nenhuma chance,
o rato perde a consciência,
porém, este não estava morto
(apenas num mundo a parte)
um universo o qual
nunca o pertenceu
Era o rato a ratoeira
Era a ratoeira os pedaços
de outros ratos
Era o mundo a fantasia
um mundo além da realidade
iguais os sonhadores pobres
que se acham burgueses
mas permanecem pobres
Afinal...
Algazarras sem fim
Interesse é o momento
De voar feito morcego
Quanta agonia interna
Interferências externas
(Psicológicos abatidos)
Ser algo sem ser
Atentado contra
sua própria natureza.
Nada além de imagens
apenas semelhanças
E nada mais...
Ratos são ratos
e por mais que sonhem
não poderão ser morcegos,
não nesta vida.
Mas...
Poderão voar nos sonhos
feito brisa leve de verão
ao mar sereno que os espera
é a beleza da pequenez animal
(Eu diria)