Nietzsche o meu caminho, entretanto, tive que me constituir sozinho.

Tive que caminhar sozinho, inventar o meu caminho, sendo sempre o meu substrato, o formador epistêmico da minha pessoa, formatando as minhas imaginações.

Entretanto, sempre fui metafórico.

Deste modo, sou as minhas ideologias, construindo hermenêuticas, sempre fui sozinho, sendo o meu orientador, o meu mestre exegético.

Fugindo das etimologias apodíticas, desejando fundamentar o meu mundo indutivo.

Tive que acreditar apenas em minha pessoa, compreendendo outros habitats, pisei em pedras sem ferir os pés, para alcançar as montanhas.

Imaginei o infinito, saltitando no meio desértico, comendo da mesma pastagem, fingindo ser gado, para poder compreender Foucault.

Criei as minhas teorias, formulei o princípio da incausalidade, entendi a anti matéria, compreendendo o fundamento da anti causa, o nascimento do anti princípio.

Não podia escutar ninguém, tão somente a pessoa, sendo o meu construtor, inventei o próprio mundo, a minha filosofia o meu propósito.

Os meus olhos eram cegos diante do meu cérebro, o que conseguia ver, negava a metafísica, sabia que Platão estava errado, Santo Agostinho equivocado, São Tomás repetidor de Aristóteles, Descartes delírico.

Kant quase gênio, Marx fenomenal, Darwin exuberante, Nietzsche fascinante, Freud adorável, Heidegger razoável, Sartre inexplicável, Horkheimer indescritível.

Gostei de Lyotard , compreendi a ideologia das grandes narrativas, encantei com Derrida, entendi que sou o meu cérebro composto de múltiplas memórias, neguei a razão logocêntrica, quando então tive inventar me inventar.

A partir deste instante, tudo que fiz foi recusar o meu caminho, antes construído por mim, sempre me destruindo para poder ser as minhas ilusões.

Hoje como sempre me refazendo sozinho, sem ideologia imaginando as grandes fantasias, descobri que sou a própria solidão epistêmica, o meu habitat, então pensei em tudo que deixei ser.

Hoje sou apenas as minhas reconstituições negadas, as novas formulações através da mesma substancialidade.

Deste modo, posso afirmar sou a história destruída, todavia, afirmada nas inconstitucionalidades do meu ser.

Edjar Dias de Vasconcelos.

Edjar Dias de Vasconcelos
Enviado por Edjar Dias de Vasconcelos em 22/05/2021
Reeditado em 23/05/2021
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