A DOR QUE DO POETA AGASALHA A ALMA ll (ITABUNA 19/07/1979)

Belo e triste,

Comovente e lírico,

Os versos batem à porta

De um coração que chora,

"Na aurora

Da saudade".

Num instante,

Em solidariedade

À dor do vate,

O vento geme,

Balançando a roseira ,

Que também chora.

Procura pelos cantos,

Chorando tanto,

Peito oprimido,

Magoado o coração,

A jasmineira,

A sua dona,

Que de repente,

A abandona;

Pendida a flor,

No galho , entristece

A sabiá e emudece,

É que a dor,

Lhe invade a alma,

Por não mais vir

Aquela que lhe

Dedicava afeto!...

A bananeira

Soluça tanto,

E seu dolente canto

Rola qual cachoeira

Na correnteza

Da emoção.

Quem mais chora,

Nesta quadra da vida,

A alma ferida,

E sente que até a natureza

De tristeza emudece,

É o bardo que sozinho e triste,

Não mais assiste

Ao sorriso franco do abacateiro,

Que o ano inteiro

Pela manhãs o comprimentava!...

Os arvoredos , peito ferido,

De tristeza choram

Na verde mata!...

E os pássaros que faziam festa,

Linda orquestra

Matutinal, entoam agora

Seu triste canto

Enquanto o bardo chora:

Adeus, Safira!

Adeus , anelos!

Adeus, os sonhos

Que me alentava!

Adeus, os dias belos,

"Na aurora

Da saudade", que de mim,

Não se retira!

Se foi, assim,

Como a brisa

Que dos céus desliza

E chega rapidamente

E tao rapidamente

Se vai embora.

Se foi ingrata!

Lamenta o bardo coração partido!

Dominado pelo sofrimento,

O vate canta seu tormento,

A derramar seu pranto,

Ferido o peito e a alma seus:

Quisera que meus versos

Suavizassem a agora,

A dor que em mim vigora!

Se sorrio -- meu riso é falso;

Se canto -- minha alma chora.

Adeus, Safira!

Se foi embora,

Sem me dizer adeus!