A Frágil Beleza Humana Perante o Vazio do Cosmo
Do que adianta todas as intenções, todas as ações,
Se tudo é passageiro, ilusório e um comboio para o nada?
Do que adianta construir um anelado castelo baseado nos
Papeis de um eficiente profissional, ganhador de capital
Com o próprio suor, educado vizinho, cumpridor das leis,
Se o cansaço supera os disfarces civilizatórios?
O peito estufado, o orgulho dos status parece que valem
Tanto quanto uma rocha solta na imensidão do universo...
Nada, zero absoluto, nenhuma saída para fugir das fases de um
Vídeo game existencial. Nascer, crescer, trabalhar,
Nutrir vaidades e desintegrar o esqueleto numa lápide (game over).
Será que tudo é apenas o enredo irracional de um jogo sepulcral?
Apesar do aparente monótono movimento há beleza na vida.
Há uma vontade imensa de goza-la, de saudá-la perante cerrado niilismo.
Vacila a saúde, falta ardor, vive-se magreza de alegrias,
Mas sempre se planeja um novo sentido, um valor que a tudo sustente.
Aí vem um novo ânimo, hábito ou amor pelo qual vale a pena viver...
Sempre há alguma coisa que atraia a vida, que secundarize a depressão.
E nas pequenas órbitas deixadas pelo caminho se criam uteis
Respostas, combustíveis pelos quais gozamos a vida.
Se existem os motivos para viver, tudo se desfruta, apesar dos reveses.
Assim eu viajo, bebo, caminho, conheço, como, experimento, beijo, transo,
Reflito... Amo tudo como se fosse a única ação a ser feita.
Não importam os títulos, o dinheiro, o emprego, as exposições sociais,
Sem conexão com os outros ou com valores que amenizem o fardo nas costas,
A existência é apenas uma curta chama apagada pela fatal foice.