Sobre os silêncios
Sobre os silêncios
(Mizael Xavier)
O que acontece nos silêncios
Aqueles momentos nem sempre declarados?
Os silêncios das vozes
Os silêncios dos pensamentos
Os silêncios dos passos.
Entre uma ação e outra
O silêncio
Um pensamento hesitante
Que, de repente
Muda uma direção
Um destino.
Dos silêncios, talvez
Os desatinos.
Palavras que jamais deveriam ter sido ditas
Decisões que jamais deveriam ter sido tomadas
São geradas nos silêncios
Explodem como bombas
Quando menos se espera.
Afinal, assim são as bombas.
Ouço tantos silêncios ao meu redor
Eles gritam para mim.
Alguns falam de dor
Outros de abandono
Tantos outros de saudade
Outros são gritos de socorro
São o prelúdio, talvez
Do caos.
São enigmas
Labirintos
Ambições de Ícaro
Ou nada são.
Haverá silêncio na morte?
Quem sabe antes, durante ou depois...
Não, ela grita e seu grito ecoa!
Ninguém ouve os silêncios
Ninguém presta atenção a eles
Até que eles se tornam eternos
Nos pulsos cortados
Nos relacionamentos desfeitos
No disparo de uma arma na escuridão
No filho que encheu sua mala de roupas
E partiu.
São os silêncios
Ouçam os silêncios!
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