Quais são os seus novos tempos?

No início cada um dizia: “- é pra mudá, ‘cê vai vê só!’”

E o tempo passou...não foi embora...

Pelo contrário, continuou se estendendo e crescendo!

Quer dizer, muitos é que foram embora...

deixaram pais, mães, filhos, amigos, parentes,

companheiros de trabalho de muita valia,

irmãos de comunidades espirituais;

Retratos de uma saudade que vai ficar,

e talvez fazer sofrer, trazer lágrimas aos olhos...

Ah! Mas vai ter remédio!!!

Mas continuam dizendo: “- é um “novo normal!”

Como se fosse anormal sentir e valorizar pessoas;

como se fosse inútil sofrer a dor da perda,

e continuar vivendo como se não tivesse sido vivo

aquele que se foi e não vai mais voltar...

Será que estamos na era do “- deixa rolar, acontece!”

e não percebemos que isso nos deixa sem o lado humano?

Será que abrigar a saudade e a emoção enfraquece

e nos faz perder o bom sabor da resistência e da luta?

Ah! Deus vai curar!!!

Mas vão continuar dizendo: “- vai ser um novo normal!”

E a carga que carregamos logo vai ser pesada

e atirada aos pés de Deus, na espera que seja retirada

e Ele possa trazer alívio e transformar a “subtração”

num crescendo de “soma” e talvez “multiplicação”

para que o resultado da “divisão” possa ser benefício,

um bem comum que chegue a agradar a todos.

E fazer, de uma longa espera, uma breve esperança;

e que a Graça Divina alcance, como bem, o mundo.

Ah! Ainda tem Deus!!!

Quais são os nossos novos tempos? E os seus? Normal?

Os que aceitam uma perda e simplesmente dizem: “- foi fatalidade!”;

Ou talvez os que reconhecem que há consequências

nas ações que se alojam numa falta ou imprudência?

Pode ser que venham trazer, para nós, uma mudança

em que tudo que se viu não é mais, deixou de ser:

deixou de ser tão difícil, agora todo mundo coopera (é???);

deixou de ser tão distante, o que vale é o agora (é???);

deixou de haver cada um, pois o “nós” é a esperança!

É, fala aí: - quais são os seus novos tempos?

-Ahhh!!! A vacina chegou!!!

De Paulo Ramos