ALZHEIMER
O belo tronco esguio e soberano
Mantenedor da prole dependente
Se vê minado pouco a pouco, lentamente
Até, já oco, morrer de pé o cérebro insano.
Todo o vigor, verve, bondade, sapiência,
amor, dedicação, virtuosismo,
desaparece no turbilhão do abismo.
Sucumbe fatalmente em face à demência...
À sua sombra, seus rebentos, seus amores,
protegidos de tufão e sol ardente;
agora órfãos de pai vivo, infelizmente
se reconhecem totalmente cuidadores.
Invertidos os papeis, (sina maldita!)
Totalmente dependente agora está.
E, se não se lhe oferecer, perecerá
A mão que dava, agora necessita...
Não é o momento de se buscarem no passado
mágoas, rancores outrora acontecidos.
Aquele homem está agora tão caído...
É um ser humano precisando de cuidados.
E assim, como num filme ao contrário
vão as imagens desaparecendo.
Em lugar de aprender, desaprendendo;
desconhecendo o que lhe era ordinário...
Terrível constatação! Dura verdade!
Quem nos defendeu com sua lança,
hoje se assemelha a uma criança...
Um bebezinho... Apesar de toda a idade...
Oh! Pai Clemente! Piedade! Imploramos!
Dai-nos Luz, Força e Coragem pra enfrentar
A escuridão a nos espreitar.
E podermos confortar a quem amamos!
Se tudo nesta Vida faz sentido.
Só nos resta dedicar de corpo e alma
para proporcionar algum conforto e calma
àquele que se já se foi, mesmo antes de ter ido...
Cléa - 2011