FLORQUÍDEA
Versejo enlouquecido, ensandecido,
delirando com a alma febril
jogo imagens vocais para a platéia,
pinturas vocalizadas, coloridas
emolduradas em versos
moldurados colocados em paredes,
verso grafitado, desentoado
não se encaixando em qualquer som,
verso desencantado, som do silêncio,
de uma flor que foi orquídea
o corpo branco, os lábios roxeados
se lembra? Sei que se lembra,
se é que podes ter lembranças,
pois me lembro do seu sorriso,
do brilho dos seus olhos
que ainda guardo nos meus olhos,
segurando a florquídea
como se não fosse só uma flor
mas um jardim inteiro!
Você se foi, a orquídea se foi,
tantas coisas se foram
junto com você e a florquídea!
Só me sobrei com versos pintados,
grafitados, seu sorriso, os seus olhos,
retidos na florquídea branca de lábios roxos
que transformo em imagem vocal!
Foi isto tudo em que me sobrei,
poeta ensandecido, que em todas as flores
só enxerga a orquídea por igual!