MUSA

Não compreendo sua língua estrangeira,

mas seu canto, sua voz, entoando

do folk ao blues, enchem-me de sentimentos,

e sua língua estrangeira me é traduzida

em poesia abrasileirada/aportuguesada

purgando minha dor de povo oprimido!

Quando te ouvi pela primeira vez,

jovem ainda, sob a ditadura militar,

sentia uma leve esperança em outro dia

minha musa, linda musa, Joan Baez

de língua estrangeira que não entendia,

mas sentia ser contra a opressão

dos povos, inclusive o seu,

seus jovens morrendo no Vietnã,

seus jovens negros morrendo pela polícia,

assim como nossos jovens negros e brancos,

que lutávamos por outro amanhã,

e sua voz, seu canto, unia numa luta só,

estrangeira voz que eu entendia

pelo tom do dolorido lamento

que eu sentia como sendo sertanejo!

Sua língua estrangeira que não entendia,

você a universalizou em espanhol,

cantando Mercedes Sosa, Violeta Parra,

Victo Jarra, Geraldo Vandré!

Aí percebi que a poesia cantada

contra qualquer tipo de opressão

não tem língua estrangeira

que por mais que pareça incompreendida

ela sempre atingirá o coração!

(Para JOAN BAEZ, eterna musa)

Antonio Marchetti
Enviado por Antonio Marchetti em 30/04/2021
Reeditado em 20/06/2021
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