Palavras cansadas
Um esforço a cada palavra
Dizendo dores, angústias, lamentos
De uma alma cansada,
Que palavras poderiam não ser?
A cada dia mais cansado
De falar sem ser ouvido
Desperdiçando tempo
Que poderia ser usado fazendo nada
Se é para não ser ouvido
Melhor o nada mesmo
Ao menos no nada, nada se espera
E nenhuma frustração há
Mas quando se fala
Se presume ser ouvido,
E na expectativa frustrada
Vem a raiva, inflamando tudo a volta
Essa raiva é fogo consumidor
Devorando a alma com o tempo
Alimentada dia a dia
Por cada decepção semelhante, reforçando
Depois de tudo consumido
A raiva morre e vira adubo
Para um cansaço que germina no peito
E se alastra por todo lado
E antes de a palavra sair
Ela é impedida pelo cansaço enraizado
"Melhor ficar quieto, de nada adianta falar"
"Pouco importa mesmo, perda tempo"
E então o cansaço me torna mudo
Se então minhas ideias não importam,
Se minha tolice não vale o esforço de ser ouvida,
Então para quê falar?
Se não mereço atenção
Se não vale a pena o supremo tempo gasto ouvindo-me
Então me basta o silêncio
E minhas próprias vozes em minha mente bastam
Ouço-me, penso-me, reflito-me, debato comigo mesmo
Prezo-me, entendo-me, julgo-me, dou atenção a mim mesmo
E pode pensar você que eu deixaria de ouvir,
Engana-se totalmente,
Vou ouvir sempre, por um motivo simples,
Não desejo este fardo a ninguém