INSANIDADE, CAIXA DE PANDORA
INSANIDADE
Não sei se choro, ou se sorrio
Neste cruel drama
De incedidas chamas,
Manumental manicômio...!
Não sei se minhas mágoas,
Sentidas lágrimas,
Caudalosas águas,
Correm para o rio,
0u para o mar
Da insanidade!...
Não sei se corro
A pegar
O trem, ou deixo
O trem passar...
Não sei se me socorro...
Me queixo,
Ou deixo
A locomotiva desgovernada
Me atropelar...
Qual nada!
Não sei se estou louco...
Ou todo mundo louco está!
Tanta sandice,
Tanta cretinice,
Tanta iniquidade,
Não dá pra aguentar!
Já não sei aonde
Este maluco bonde,
Vai parar!...
CAIXA DE PANDORA
Parem a nave avariada.
Quero descer.
Abriram a Caixa de Pandora.
Os bichos estão soltos agora.
Corre Antonieta,
Foge Catieta,
Cuidado com o capeta!
Vá embora,
Antes que chegue sua hora.
O número de bichos cresce,
Está a crescer
Cruel e vertiginosamente,
Assombrando tanta gente,
Num cortejo de bicharada alucinada,
Cuja maldade excede a loucuras inauditas,
Num fanatismo exacerbado:
Um, que reza pra cidadão
Tal morrer,
Graças à opção sexual
Do camarada em questão;
Outro, que cai de joelhos, roga ao Criador
Para para determinado
Prisioneiro continuar encarcerado;
Outros, que volta e meia,
Sorriem da dor alheia;
Outros mais ,
A gargalharem da desgraça
Daqueles a quem reputam
Como seres inferiores;
Outros mais, muto mais,
De ações malditas
E deletérias, que se outorgam racionais,
Da classe do bicho-homem,
Que se regozijam frente a alheias dores,
E acham graça
De alguém passar necessidades e fome,
Enquanto gastam seus milhões
Pela vida afora,
Em pandegas colossais
A que tudo isso
Nos impõe um questinamento:
Neste trágico drama,
De proporções gigantes, o que fazer?
Abriram a Caixa de Pandora,
Num país que assiste a tudo pasmado!
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