Enigma Solitário
Tem dias frios onde apenas a chuva conversa
Caindo lentamente ela sussurra
Venha e junta-se a mim
A música alta apenas acelera seus batimentos
Lá no fundo o brilho já se apagou
A última fagulha de vida se extinguiu
Existe apenas um silêncio inóspito e inquieto
O pensamento escreve em lacunas um conto secreto
A história do poeta e da ilha
Ele vive em um mundo vasto
Cheio de pessoas, lugares e fatos
Mas ao fechar e abrir os olhos
Tudo some
Apenas um vazio o preenche e chama seu nome
Suas letras são as runas de uma magia antiga chamada solidão
Lá dentro sobrepõe versos e aquece seu coração
Ao piscar novamente ele retorna a terra
Mas aquele mundo não lhe saiu de si
Um mundo apenas seu
Uma ilha…
Viver em um universo onde apenas a sua mente o limita,
Tão surreal são os reinos de concreto e seus mandamentos,
Sua idiota trama principal
Seus personagens sem contexto
Suas missões fúteis e prêmios alheios
Mas a alcunha do escritor sempre o precede
Neste mundo que não me entende
O anonimato me protege…
Primeira ou terceira pessoa
Isso não é um jogo
É um enigma talvez
Uma brincadeira de gato e rato com o destino
Um olhar profundo no abismo
Onde ele te olha e fala sorrindo
Venha e beba o sangue dos tolos
Nunca mais te machucarão
Eu te transformarei num monstro
Tuas feridas cicatrizarão
Em troca apertamos as mãos,
Num feixe de luz perco minha alma
O pacto está feito
Pela carne, pelo sangue, pelo sol e pela lua
Sua verdade, seus desejos, seus sonhos
Tudo a sua volta destrua
E quando fizer a tua vontade reconstrua!
A chuva é a paz, o vazio
A ilha é a mente
A poesia é o coração
O abismo é a vida,
O pacto é o destino, o livre arbítrio, a jornada,
A alma é a felicidade.
Tudo está fechado num ciclo
Onde a estrela de Davi e suas seis pontas se completam como a mais bela obra já imaginada…
Embora nunca decifrada.