Alô

Foi á meia-noite que o mundo surgiu com os uivos guturais de uma coruja.

O soar do sino descompassado travara o momento da primeira e da última badalada

Acendeu um desejo inóspito de calcular se aquele relógio poderia desvirtuá-la.

Apesar de saber que o toque delicado dos ponteiros já beirava a hora de findar

As horas passavam na velocidade da luz e nem Harley as alcançava

Eram momentos de prazer constante, desde o primeiro segundo

E ter que esmiuçar cada passo e cada gesto fazia disso tudo, muito

E ao mesmo tempo, pouco, olhando para a estrela que não brilhava.

É difícil descrever o anoitecer, essa linha tênue e esdrúxula, que sula toda a energia do dia

Que por um instante , constroem cenas corriqueiras para o amanhã descrevê-las

E é sempre o tempo, como de costume, o responsável sobre quase tudo

E eu caio sempre no querer suave das horas incertas e não posso contê-las

A hora é dada, e a cada fração, torna-se uma eternidade aos olhos de quem pergunta agora

E sob a luz do fuso é preciso avançar todo esse emaranhado profundo

Pois não há nada a perder nessa corrida, pelo contrário, o ciclo sozinho se acerta

Junto aquele relógio maçante, o único guia para a busca de um caminho regozijante.

Alô- amor- dor- dissabor- furor- tremor - horror

Todo esse querer consome e sacia o homem rebento

Mata o desejo de completar e ser esse ponteiro, fincado no peito

No mais, e mais uma vez, o tempo é o único e o último professor.