Psicanalista
Há que se olhar nos olhos
E encontrar o outro em si
Remover a máscara do corpo
E se doar sem medo
Se entregar de braços abertos
Fazer da dor alheia a sua
Há que se preservar também
Pois somos espelho
Refletimos a alma alheia
E choramos também
A sua lágrima escorre lenta
Pela pele curtida de minha face
Não solto sua mão se não soltar a minha
Toma! Segura minha mão
Que lhe ajudo a caminhar só
Há que se situar no tempo
Pois o tempo é breve
E um dia irá lhe devorar
Há que se situar no espaço
Pois a Terra parece infinita
Desafia o seu caminhar
Seu lamento é minha cartilha
Sua felicidade meu presente
Quero que esqueça que choro
Que faço minhas suas dores
Pois por vezes me deito no divã
E vivo sua vida por horas
Há que imergir na dor
Para que se submerja no amor
Toma! Segura minha mão
Que sua dor é meu descobrimento!