A pulga atrás da orelha.
A orelha atrás dos murmúrios.
A palavra encravada no fonema.
O grito sufocado na garganta.
A tristeza do vaticínio.

Será golpe?
Será rasteira?
Quem quer passar a perna em quem?
Na competição diária pelo poder.
O que quer matar, o que deixa matar,
o que se omite...
todos são homicidas.

Quem cala, consente.
Quem consente, mata.
Quem mata, não merece perdão.
Merece a culpa.
Merece a expiação.

Na janela, a cortina dança
um ballet esquisito
O espectro da Rosa.

Aos poucos, se desperta.
A mente confusa se alegra com 
uma rosa caída no chão...
E, tenta recordar uma primavera
que jamais aconteceu.

A delicadeza da rosa.
A contundência do espinho.
A gota de sangue que
se parece com a de orvalho.

A lágrima que parece chuva.
A tristeza que parece brisa.
E tudo passa. 
E, ainda uiva.

A profetisa vê o redovalho
 E o toca com a luva,
ele imerso em água...
misteriosa e profunda...
Ela imersa em premonições
a decifrar a dinâmica da rotunda.

Sem houver golpe.
Se houver hecatombe.
Se houver drama.
Se não houver saída.
Caminhos foram traçados.

Construo um labirinto.
Escondo-me nele...
E fico esperando
até tudo se acalmar...
Ou, então, vou assar o redovalho
que profetisa pescou...
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 01/04/2021
Código do texto: T7220906
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