PÉTALAS

Quem vai me amparar

Quando a idade chegar?

O vigor já não for amigo

A seca secar-se o pranto

O jardim bem distante

Marejados ficaram o olhar

Nos cuidados da alma

As bengalas virarem amantes

O rosto estiver cansado

Os olhos ficarem turvos

De quem é a culpa ?

O brotar não foi vindouro

A semeadura caiu entre rochas

O solo não teve êxito

Em constantes garimpagens

As lembranças do passado

Brotam aguçando o peito

Colhendo as folhagens

O vento fez a varredura

Mas o resto ficaram

Direitos que me couberam

Na passarela do tempo

Um aceno pela janela

A fotografia se desfazendo

Pétalas que murcham

Deixando o néctar

O olhar me conduz

Ao choro da relva

O que restaram do ontem

Refrata o véu estirado

Nas bordas do retrato

Essência dos olhos

Baú da memória

Saudades me restam.