Epílogo

Epílogo

Às vezes percebo

Que a estrada é longa

E os passos, curtos.

Sobram caminhos,

O tempo é escasso.

A brisa é leve

Pra tanta vela

E em mares calmos

Não se navega...

Se viver foi bom,

Será pleno o fim.

Que queres levar,

Se já tudo tens?

Saudade? De mim, apenas,

E de quem me quer.

Meus pares são ímpares...

E múltiplos... e belos

No contexto deste poema...

E infinitos em minha tão breve eternidade.

O amanhã talvez não venha!

O ontem já foi escrito!

O poeta está cansado

Em busca das palavras

Que gastou pelo trajeto...

A poesia anda solta

Como as borboletas

Sem folha qualquer em que repousar.

Com puçás não se apreendem rimas...

A poesia só é bela em liberdade.

O poeta chora por todo verso

Que, a rigor, nunca foi seu.

Por ele, a poesia talvez lhe revele

O seu mais recôndito

Emblema de luz

E lance, quem sabe, seu último lume

Pra ver o sorriso do velho poeta.

Valsejem meus versos

Com graça e ternura

Como sempre fizeram

Por onde passei.

Voar... Voar...

Voar todos os horizontes

Nas asas que planam

Em novo poema

A quem me entrego

Enquanto viver!