POESIA

Filha do chão,

da chuva, das matas

e do orvalho matinal.

Caminha feliz

pelos raios do sol

nos verões tropicais.

Afeiçoa-se aos barulhos

dos córregos antes do ribeirão.

Faz-se cheiro nas roseiras

e na essência fértil

da terra molhada

que nos seduz.

Rasteira como a relva

e sem serventia

como as inutilidades.

- Telúrica e cósmica.

Afeita aos gorjeios da tarde

e ao silêncio luminoso da aurora.

De clareza, bastam-lhe

o clarão do luar

e a luz dos vagalumes

no breu das noites.

É de costumes

da pré-linguagem.

Sente antes de falar,

às vezes nem fala.

A retórica

sem presenças

dá-lhe bocejos.

Rosalvo Abreu
Enviado por Rosalvo Abreu em 17/03/2021
Código do texto: T7209486
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