POESIA
Filha do chão,
da chuva, das matas
e do orvalho matinal.
Caminha feliz
pelos raios do sol
nos verões tropicais.
Afeiçoa-se aos barulhos
dos córregos antes do ribeirão.
Faz-se cheiro nas roseiras
e na essência fértil
da terra molhada
que nos seduz.
Rasteira como a relva
e sem serventia
como as inutilidades.
- Telúrica e cósmica.
Afeita aos gorjeios da tarde
e ao silêncio luminoso da aurora.
De clareza, bastam-lhe
o clarão do luar
e a luz dos vagalumes
no breu das noites.
É de costumes
da pré-linguagem.
Sente antes de falar,
às vezes nem fala.
A retórica
sem presenças
dá-lhe bocejos.