NUMA POESIA

Quando estou só, com a elasticidade da preguiça,

o passado vem, pede licença, se senta ao meu lado,

começamos a conversar, nos abrimos, sinceros...

Numa espécie de replay,

ele me mostra os melhores momentos,

eu lhe mostro as coisas que fiz, esquisitas, desarvoradas,

ele sabe das minhas buscas, meus desafios,

concordamos em alguns pontos,

digo a ele que seu peso está acima do limite,

que deveria não estar tão presente,

por um motivo ou outro,

me dar um descanso...

Ele tem as armas certas pra me desarmar,

sorri, complacente, põe a mão em meu ombro

e me puxa para perto de si...

Me entrego e passo a ver a vida sob o seu ponto de vista,

ele me diz - seja como eu - sorrio e suspendo meus reflexos...

Hoje em dia o tenho sempre por perto,

raramente discutimos, (ele sempre vence),

pausamos nossos encontros

por causa da correria do dia-a-dia,

ele sempre me diz - se quiser se conhecer,

mostre quem é e quem será, numa poesia.