Tormenta

Corre o vento sobre a casa

Vai formando o furacão

Que lasquera danada

A casa não aguenta a obliteração

Arranca o teto sem dó

As paredes e até o chão

Vão voando pelo céu

Na gravidade sem direção

Mesmo o coração se perde

E vai sem rumo na imensidão

Atravessa uma ou duas nuvens

E abre um chuvaral pelo chão

Depois avista o porta retrato

Planando na escuridão

Parece que é o que mais alcança voo

De nostalgia e solidão

Dizem que as páginas do diário

Até hoje deslizam sobre a multidão

Mas a casa rendeu-se ao vento

E o coração à sofreguidão.