O abraço.
O Abraço
Inicialmente, ele é aconchegante, quentinho, com o cheiro de roupa limpa, suave como um acalanto de mãe.
Aos poucos, vai se tornando apertado, voraz, como os amantes que sentem saudades.
E o ar vai faltando.
Respirar chega a doer.
As mãos apertam as costas, tocando as costelas como se os dedos quisessem devorá-las.
E o ar continua a se tornar difícil.
O abraço que antes parecia de mãe, agora mais se assemelha ao de um lobo, com seu pelo macio, por isso parecia tão aconchegante inicialmente.
O abraço parece não ter fim.
Respirar está cada vez mais difícil.
Tudo dói.
Meu corpo grita.
Minha voz não sai.
O abraço agora parece uma bomba prestes a explodir.
Meus pensamentos falham.
Eu desfaleço.
O abraço quebrou minhas costelas.
O abraço perfurou meus pulmões.
O abraço tateou minha coluna e a rompeu, apenas por diversão.
O abraço que tanto desejei foi a última coisa boa que tive...
A última e mais dolorosa.