O abraço.

O Abraço

Inicialmente, ele é aconchegante, quentinho, com o cheiro de roupa limpa, suave como um acalanto de mãe.

Aos poucos, vai se tornando apertado, voraz, como os amantes que sentem saudades.

E o ar vai faltando.

Respirar chega a doer.

As mãos apertam as costas, tocando as costelas como se os dedos quisessem devorá-las.

E o ar continua a se tornar difícil.

O abraço que antes parecia de mãe, agora mais se assemelha ao de um lobo, com seu pelo macio, por isso parecia tão aconchegante inicialmente.

O abraço parece não ter fim.

Respirar está cada vez mais difícil.

Tudo dói.

Meu corpo grita.

Minha voz não sai.

O abraço agora parece uma bomba prestes a explodir.

Meus pensamentos falham.

Eu desfaleço.

O abraço quebrou minhas costelas.

O abraço perfurou meus pulmões.

O abraço tateou minha coluna e a rompeu, apenas por diversão.

O abraço que tanto desejei foi a última coisa boa que tive...

A última e mais dolorosa.

jopasi
Enviado por jopasi em 05/03/2021
Reeditado em 02/03/2024
Código do texto: T7199379
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