EU COM NÓS
Faltam abraços
nas praças,
um sorriso, uma flor
e um gesto de paz.
São muitas as tribos
debaixo do mesmo sol
e todas estão cansadas
de se cancelarem.
São muitas as religiões,
filosofias, facções
e muito pouco
se ouve: perdão!
Ou um gesto de amor.
Na verdade,
o veredicto é o que digo
e nada mais.
Nas assembleias,
no palácio central,
na missa aos domingos,
na fé televisiva
e na fila do pão,
são multidões de “EUs”
e quase nenhum “nós”.
Somos todos interligados,
homens, bichos, plantas
ar, água e rochas
no plasma universal.
Precisamos de todos
para desatar esses nós.
No paredão da existência,
não temos protegidos.
Aos poucos, um por um,
cada um em seu tempo,
todos iremos atender
ao chamado da morte.