SOS AAS - no sertão do coração
O pássaro que martela
assobios nas manhãs,
se invisibiliza
entre os umbuzais,
juremas e licuris.
Seu suave canto
é um convite
para o amanhã.
De longe,
entre cercas,
ouço o guizo dos animais
chocalhando no pescoço,
mantando a fome
e procurando água
nos açudes,
quase todos secos.
O jegue relincha de longe.
Será sede, será chuva
ou a volúpia do desejo?
O calango no tronco
da algaroba balança
a cabeça olhando
pra mim e me diz:
- Vem! tá tudo bem.
Mas no alpendre
do quintal,
de olho no feijão
que ferve
no fogão a lenha,
olho a vasta paisagem
e fico paralisado,
saboreando o agridoce
do umbu entre os dentes.