O poeta

Todo poeta é fingidor.

Realmente.

Todos aqueles que tem a palavra como essência são lobos solitários,

que andam desgarrados pelo mundo, sem rumo.

Finge que não sente dor.

Que a vida é boa.

Mas não é.

Apenas não quer incomodar com a dor.

É uma dor miúda que não deixa nunca o pobre poeta.

O poeta é sozinho.

Ele sente tanto que chega quase a sufocar.

Ele pensa demais e acaba preso na própria mente.

O poeta é um sujeito estranho.

Ele não se encaixa.

É desajeitado.

Efêmero.

Consegue ver aquilo que os outros fingem ver.

Todo poeta é um fingidor.

Finge ser o que não é para ser quem se é,

Na escrita.

Belinda Oliver
Enviado por Belinda Oliver em 18/02/2021
Reeditado em 18/02/2021
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