O poeta
Todo poeta é fingidor.
Realmente.
Todos aqueles que tem a palavra como essência são lobos solitários,
que andam desgarrados pelo mundo, sem rumo.
Finge que não sente dor.
Que a vida é boa.
Mas não é.
Apenas não quer incomodar com a dor.
É uma dor miúda que não deixa nunca o pobre poeta.
O poeta é sozinho.
Ele sente tanto que chega quase a sufocar.
Ele pensa demais e acaba preso na própria mente.
O poeta é um sujeito estranho.
Ele não se encaixa.
É desajeitado.
Efêmero.
Consegue ver aquilo que os outros fingem ver.
Todo poeta é um fingidor.
Finge ser o que não é para ser quem se é,
Na escrita.