DEPOIS
Depois que a Graça dos teus lábios
Encheram-me com o selo da redenção,
E o evangelho do teu corpo sábio
Apagou as culpas de minha condenação,
Entendi e estendi as mãos em teu rosto,
E afogado nas profundezas do fogo,
Poderei renascer de novo?!!
Depois de tuas reais mãos,
Que voaram como plumas ufanas,
Apenas esse ventania insana
Acariciou do meu rosto a solidão.
Depois de teus lindos olhos
Que me refletiam o teu amar
Apenas há as ondas da escuridão
Que banham esse meu triste olhar.
Depois de tua carne selvagem e fogosa,
Meus dedos apenas afagaram
Esta silenciosa terra pedregosa.
Quando a fé e a calma
(Dos que nada pedem)
Habitam em minha alma
Tantos sons e vozes, mas silenciosa.
Quando o sonho e a esperança
Tiverem desaparecido do mundo
Há muito desprovido de um amor profundo,
Não haverá nem os serenos risos das crianças.
E depois que a verdade e a ciência não mais
Forem divindades ideais,
Todo o nosso espírito vazio
Talvez criará outros narcóticos celestiais.
(Depois que teus lábios me abandonaram
E teu corpo despojou a minha sorte,
Todos os meus sonhos já não mais sonharam,
E meu coração se tornou uma oferenda à Morte!)
Depois que a terra desolada nos abraçar
E nós tivermos a Morte como única companheira,
Nós, quem sabe, encararemos e encontraremos
Nossa alma e nossa selfie deformadas, mas verdadeiras.