Ah! Ah! Ah! Ah!
O que vejo e sonho
não tem casa,
nem mesmo endereço.
É estorvo, esquisito
multifacetado
preenchido de ausências
de abraços.
(Eu vi o sol, eu vi a lua!
Vi o palhaço no meio da rua)
Há passos incertos
na clarividência da vida,
no aconchego da sala
ou na cumplicidade
da cama.
Entre o delírio e a razão,
subitamente acontece
o riso como uma súplica
de afeto e de proteção.
( E o palhaço o que é?
Ladrão de mulher!)
Figura-se no rosto
o sorriso tragicômico
do palhaço.
Grita o silêncio da fome,
do abandono,
das indiferenças
com a mão estendida
para o afago.
(Hoje terá espetáculo?
Vai ter, sim senhor!)
O prato está servido
nas mesa
das insanidades.
Pão quentinho
e insosso na sopa
do imponderável.
Faltam olhares
do coração
e abraços apertados
nessa doce prisão.