Cinto De Castidade

Eu sou chaveiro,

especializado em cinto de castidade,

não posso citar nomes

mas já destranquei boa parte da cidade.

Os rapazes viajam a trabalho

e as moças incendeiam sem pudor,

ligam me pedindo ajuda,

tudo doida para fazer amor.

Eu vou lá e destranco,

sinto muito mas é o meu trabalho,

o suor escorre feito cachoeira

e se espalha no assoalho.

Alguns foram do meu ramo,

inclusive na sociedade medieval,

hoje a cidade modernizou e se liberou

mas o povo antigo é que leva o nome de animal.

Já abri material de titânio,

alumínio, ferro e chumbo grosso,

já vi cinto de ouro derretendo,

é o que acontece quando a mulher pega fogo.

Em gênesis a mulher mordeu primeiro o fruto,

depois fez necessário o cinto de castidade,

o homem é quem levou a fama de bicho ruim

mas obviamente essa nunca foi a verdade.

Já ouvi falar da Dalila e Cleópatra,

coitado mesmo é o Sansão,

não sei como a Julieta não traiu o Romeu,

pode ser um segredo que ela levou pro caixão.

Fico refletindo e pensando, chego a me iludir,

valorizo quem não precisa de cinto de castidade

mas infelizmente são poucas que o dispensam,

a maioria faz uso dessa latente necessidade.

Ricardo Letchenbohmer
Enviado por Ricardo Letchenbohmer em 30/01/2021
Código do texto: T7172375
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