ESTRANHA

Ela é uma estranha em um mundo deserto

perdida nos caminhos sombrios do espaço

do alto dos horrores desta criação

onde as mulheres são vítimas

de visões de mundo que lhes conspiram

onde a face do horror

é pouco mais que um dia comum

a soma dos medos

de um trauma oculto na escuridão

nos confins esquecidos da eternidade

ou mesmo a cela acolchoada de um hospital

pra quem se dobram seus sinos?

pela criança que ficou pra trás?

para vencer o seu medo ou apenas trazer paz?

os monstros nos perseguem

no escuro do quarto

na voz de um estranho

ou um sussurro numa rua deserta

tantos maltratos

relações líquidas e homens de punhos sólidos

uma arma nas mãos

o pensamento a mil em segundos