Despeito
Há sempre algum riacho com despeito
pelas águas do rio mais perene.
Enquanto o rio segue, em tom solene,
a viajar tranquilo sobre o leito.
Quando é tempo de chuva, na enchente,
o rio dá-se um pouco ao riacho.
E vão seguindo juntos, água abaixo,
até o mar que espera logo em frente.
É quando o riacho, de repente,
por ver-se caudaloso e imponente,
esquece que há um tempo de estio.
E vai-se a chuva e o rio segue o leito,
mas o riacho sempre arranja um jeito
de cultivar despeito pelo rio.
Há riacho que, cheio ou vazio,
embora se alargue, é sempre estreito.
Há sempre algum riacho com despeito
pelas águas do rio mais perene.
Enquanto o rio segue, em tom solene,
a viajar tranquilo sobre o leito.
Quando é tempo de chuva, na enchente,
o rio dá-se um pouco ao riacho.
E vão seguindo juntos, água abaixo,
até o mar que espera logo em frente.
É quando o riacho, de repente,
por ver-se caudaloso e imponente,
esquece que há um tempo de estio.
E vai-se a chuva e o rio segue o leito,
mas o riacho sempre arranja um jeito
de cultivar despeito pelo rio.
Há riacho que, cheio ou vazio,
embora se alargue, é sempre estreito.