VULTURA: VULTOS DA CULTURA
VULTURA: VULTOS DA CULTURA
Tenho de em mim alimentar o cão
Também tenho de alimentar o lobo
Sorver e navegar águas negras, azuis
Verdes, amarelas sob brancas nuvens
Que se desfazem em sonhos ágeis
Preciso traduzi-los em emoções nas
Monções que sugiram melhor cenário
O canário canta a canção da vida: amor
E regozijo talvez saído do medo. Ele
Sabe estar preso na arapuca no Sertão
E a pandemia do vírus não refresca
Seus carceireiros. A chuva não surge
No horizonte urge a esperança nuvem
Carreada de trovões e raios. Os ares
Carentes de oxigênio. Mentes caladas
Gritam alto pelas gotas que não vêm
Deus terá esquecido de nós ou é coisa
De desgoverno??? Somos cobaias no
Ensaio na escola de samba. Corruptos
Adiam ao máximo a picada da vacina
As crianças anseiam pelos parques
Os adultos sufocam. No ar viciado do
Sofá os políticos negacionistas fazem
Acontecer o pânico, negam a ciência
Para melhor ironizar a decência que
Neles inexiste. O feto aliado ao Mar
Dos Sargaços e à hora do vagido 1°°
De alguma forma sente o estar breve
Num mundo hostil. Algum tempo
Passado e aprenderá dar o nó, o nó
No cadarço do sapato. Ele ainda não
Traduz os mistérios dos Sargaços
Não sabe ainda que servirá de adubo
À Terra e seus orgasmos oceânicos
Sonhos sonhados em mil pedaços
Estará sozinho sem mais cuidados
Nenhum carinho à vista. A orquídea
Branca não nasce em algas castanhas
Sentimento sincero, a arte da leveza
Não mais faz parte do coração
Humano próximo ou distante. Filho
Da dor, por que todo esse horror
Que nada promete ao amanhã???