ESPELHO II
ESPELHO II
Há um espelho
difícil de ser visto;
é o espelho da alma,
que poucos se importam
em ver-se nele.
Muitos se perguntam:
para quê olhar-me
num espelho íntimo
se não o vejo,
nem sei como o vê-lo?
Então, prefiro assim,
sentir-me bem,
vendo-me no espelho
que reflete meu corpo físico;
mesmo que ele,
com o tempo se gaste;
mas para mim,
enquanto não morro,
imagino que estou belo(a);
porque com a velhice
ou com a morte,
minha beleza física inexistirá.
Por assim dizer, explica-se
o porquê das almas
encarnadas ficarem de modo
crônico e vaidoso
diante do espelho
exterior; e o motivo
é a sua consciência ignara;
é a falta de cognição
acerca de seu corpo fluídico,
inseparável do Espírito;
que lhe reveste em vida
encarnada e desencarnada.
É o desinteresse
de olhar-se no espelho
da própria alma:
para espiritualizar-se,
para edificar-se,
para embelezar-se;
a fim de sentir e expor
a beleza real
de dentro para fora;
pela luz virtuosa
que irá refletir-se no corpo
físico; e após,
espelhar-se no perispírito,
quando o Espírito
estiver desencarnado.
Adilson Fontoura