ERA UMA VEZ EM ROLIUDE

tacabado

e como filme

de Tarantino

é sangue

pra todo lado

de cima

embaixo

nos cantos

pingando do lustre

pendurado no teto

como Judas enforcado

na maçaneta forçada

da porta de entrada

da cozinha

banheiro

o corpo na banheira

cemitério cinematográfico

poeticamente

o sangue é vermelho

como uma rosa

e a cortina branca

como um fantasma

se movimenta ao vento

da janela aberta

como alma penada

do vitimado

cena que se passa

na sala escura do cinema

catarse

de uma moral vazia

como o sentimento

que me vai na alma

sem conseguir purgar

me reconciliar com o Brasil

onde nos céus periféricos

não voam pássaros

mas balas perdidas

matando crianças

que voltando das aulas

agachadas riscam o chão

para brincar de amarelinha

tacabado

amarelinha avermelhada

com sangue para todo lado

como um filme de Tarantino

era uma vez em roliude

com trilha sonora

com som não do chorinho

mas de choros

de mães desesperadas

tacabado

na nossa roliude

tarantina realidade!

Antonio Marchetti
Enviado por Antonio Marchetti em 16/01/2021
Reeditado em 27/01/2021
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