ERA UMA VEZ EM ROLIUDE
tacabado
e como filme
de Tarantino
é sangue
pra todo lado
de cima
embaixo
nos cantos
pingando do lustre
pendurado no teto
como Judas enforcado
na maçaneta forçada
da porta de entrada
da cozinha
banheiro
o corpo na banheira
cemitério cinematográfico
poeticamente
o sangue é vermelho
como uma rosa
e a cortina branca
como um fantasma
se movimenta ao vento
da janela aberta
como alma penada
do vitimado
cena que se passa
na sala escura do cinema
catarse
de uma moral vazia
como o sentimento
que me vai na alma
sem conseguir purgar
me reconciliar com o Brasil
onde nos céus periféricos
não voam pássaros
mas balas perdidas
matando crianças
que voltando das aulas
agachadas riscam o chão
para brincar de amarelinha
tacabado
amarelinha avermelhada
com sangue para todo lado
como um filme de Tarantino
era uma vez em roliude
com trilha sonora
com som não do chorinho
mas de choros
de mães desesperadas
tacabado
na nossa roliude
tarantina realidade!