Quando me libertei de mim

Eu era como uma artéria entupida

Sedenta de seguir meu fluxo natural.

Mas como me libertar, afinal?

Como fluir na dinâmica de minha vida?

Busquei os caminhos fora das fronteiras

Que me ensinaram a seguir.

Desbravando os novos mares do porvir

Experienciei a forma bruta de romper barreiras.

Me vi diante de um conjunto abrasivo

De infinitas possibilidades que se abriam.

Se fosse muito além, cairia (Creiam!)

Em um buraco negro subversivo.

Fundida em um paralelo do espaço-tempo

Me vi vagando em desalento...

Mas depois de toda desconstruída

Analisei a fundo tudo o que pensara ser.

Desse modo, foi opção matar ou morrer

Escolhi as duas, como ponto de partida.

Agora que matei a mim mesma

Incendiei meu corpo e me fiz em cinzas

Ressurjo altiva, cheia de força e coragem

Não sou mais uma imagem ou um corpo.

Tornei-me a causa e não os efeitos.

Fundida em mim mesma, renasço.

Da liberdade conquistada, sinto o abraço.

Dos sonhos refeitos, sinto o alívio.

Reencontrando-me, percebo o caminho

Uma Fênix altiva que encontrou seu ninho.

Livre, integro-me a minha essência

Seguindo o propósito da própria Existência.

(Publicado na antologia poética Procura-se a Mulher - 2020).

Andréa Agnus
Enviado por Andréa Agnus em 15/01/2021
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