Quando me libertei de mim
Eu era como uma artéria entupida
Sedenta de seguir meu fluxo natural.
Mas como me libertar, afinal?
Como fluir na dinâmica de minha vida?
Busquei os caminhos fora das fronteiras
Que me ensinaram a seguir.
Desbravando os novos mares do porvir
Experienciei a forma bruta de romper barreiras.
Me vi diante de um conjunto abrasivo
De infinitas possibilidades que se abriam.
Se fosse muito além, cairia (Creiam!)
Em um buraco negro subversivo.
Fundida em um paralelo do espaço-tempo
Me vi vagando em desalento...
Mas depois de toda desconstruída
Analisei a fundo tudo o que pensara ser.
Desse modo, foi opção matar ou morrer
Escolhi as duas, como ponto de partida.
Agora que matei a mim mesma
Incendiei meu corpo e me fiz em cinzas
Ressurjo altiva, cheia de força e coragem
Não sou mais uma imagem ou um corpo.
Tornei-me a causa e não os efeitos.
Fundida em mim mesma, renasço.
Da liberdade conquistada, sinto o abraço.
Dos sonhos refeitos, sinto o alívio.
Reencontrando-me, percebo o caminho
Uma Fênix altiva que encontrou seu ninho.
Livre, integro-me a minha essência
Seguindo o propósito da própria Existência.
(Publicado na antologia poética Procura-se a Mulher - 2020).