Imaginei que o fim tinha chegado...
Imaginei que tivéssemos ido até o fim,
Imaginei que encontraríamos o nirvana...
Mas só há outros limbos atrás desse jardim
De onde tanto embuste moralista emana.
Imaginei que tivéssemos ido até o fim,
pois sentimos os frios fardos desta existência.
Na vereda amortalhada pela sombra da certeza
Gritavam os pecados puros de nossas proezas.
Imaginei que tivéssemos chegado até o fim,
Pois não mais havia caminhos para seguir,
Nem bálsamos para curar nossos pés cansados,
A Transcendência tínhamos aparentemente alcançado.
Imaginei que tivéssemos chegado ao final disso tudo,
Pois o Amor e a Razão não são mais oximoros absurdos.
O Amor é a Razão de ser de todo ente mudo ou eloquente,
A Razão é a loucura sábia de amar lucidamente.
Haverá o fim de tantas vis traições?
Haverá o fim das supérfluas paixões?
O fim dos abraços hipócritas do amigo?
O fim das guerras dos velhos e novos partidos?
O fim das violências que deixam cortes e feridas
Nos corpos das mulheres e das crianças sentidas!
O fim das dores de parto deste mundo em prantos,
O fim do choro do bebê que acabou de gritar e nascer,
O fim do Hades X e Y, Samsara e dos paraísos santos!
Deixemos que a vida e o amor nos permitam amadurecer.
Pensei que a gente tinha chegado
ao fim de tanta e tanta estupidez!
Enfim e no fim, nós acabamos enganados
e sempre nos enganando outra e outra vez!
(Gilliard Alves Rodrigues)