Imaginei que o fim tinha chegado...

Imaginei que tivéssemos ido até o fim,

Imaginei que encontraríamos o nirvana...

Mas só há outros limbos atrás desse jardim

De onde tanto embuste moralista emana.

Imaginei que tivéssemos ido até o fim,

pois sentimos os frios fardos desta existência.

Na vereda amortalhada pela sombra da certeza

Gritavam os pecados puros de nossas proezas.

Imaginei que tivéssemos chegado até o fim,

Pois não mais havia caminhos para seguir,

Nem bálsamos para curar nossos pés cansados,

A Transcendência tínhamos aparentemente alcançado.

Imaginei que tivéssemos chegado ao final disso tudo,

Pois o Amor e a Razão não são mais oximoros absurdos.

O Amor é a Razão de ser de todo ente mudo ou eloquente,

A Razão é a loucura sábia de amar lucidamente.

Haverá o fim de tantas vis traições?

Haverá o fim das supérfluas paixões?

O fim dos abraços hipócritas do amigo?

O fim das guerras dos velhos e novos partidos?

O fim das violências que deixam cortes e feridas

Nos corpos das mulheres e das crianças sentidas!

O fim das dores de parto deste mundo em prantos,

O fim do choro do bebê que acabou de gritar e nascer,

O fim do Hades X e Y, Samsara e dos paraísos santos!

Deixemos que a vida e o amor nos permitam amadurecer.

Pensei que a gente tinha chegado

ao fim de tanta e tanta estupidez!

Enfim e no fim, nós acabamos enganados

e sempre nos enganando outra e outra vez!

(Gilliard Alves Rodrigues)

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 06/01/2021
Reeditado em 06/01/2021
Código do texto: T7153616
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