Ainda muito resta
AINDA MUITO RESTA
Já não terei outra metade
Nem por isso devo lastimar,
Quase sempre tudo muito bom
E acatar realidade
É lucidez, sabedoria,
Não cabe fazer bom esperar.
Tempo ganhou velocidade,
Em menos, trocamos idade,
Esperar devemos bem menos,
Já houve mais tempo que temos
E o relógio mais ligeiro
Mostra o ciclo derradeiro.
Não haverá muitos novembros,
Também janeiros e dezembros,
Mas todos que ainda virão
Têm que ser mais festejados,
Um futuro maravilhoso,
Ainda melhor que passado.
Pessimistas de mim discordem,
Não busco qualquer aceitação,
O peso dessa constatação
Cobra ser muito respeitado ;
O próprio tempo quem ensinou,
Ele sempre manda recados.
Do poema que é a vida
Ainda faltam muitos versos,
Que sejam eles desenhados,
Na poesia mergulhados,
Por que antes da rima final
Ainda há muito carnaval.
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