Vinte e poucos anos.

Me sinto sufocada

Aos vinte e poucos anos

No cronômetro dos humanos

Inundada, atormentada

Perdida em meio a escombros

Olho para o céu

Chega a ser cruel

A esperança que tenho de encontrar algo ou alguém

Que de alguma forma me faça de refém

As nuvens passam diante meus olhos

E eu me sinto pequena

diante toda essa cena

Talvez eu seja meio ingrata

A tempos não sinto gratidão

A tempos não sinto nada

Sinto saudades até das lágrimas

Da tristeza que apertava meu coração

em um nó

Como se fossemos uma só

Ao menos sentia

Hoje o nada me sufoca

Com suas mãos geladas

Me falta o ar

E nem uma crença consegue me salvar

Ao me deitar

Lembro que ainda me resta

a escrita

Coloco minhas mãos para trabalhar

A caneta e o papel conseguem demonstrar

Tudo aquilo que me falta

Tudo que eu queria falar

E aos vinte poucos anos

Me resta a poesia!

... Quanta ironia ....

Fernanda Gonçalves Ramos
Enviado por Fernanda Gonçalves Ramos em 23/12/2020
Código do texto: T7142595
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