A tempestade do vosso olhar.

Não há sentido, o melhor é esquecer o brilho do sol, não sonhar com o despertar da madrugada, a intensidade das ilusões.

As proposições apodícticas morreram, são todos iguais igualmente capatazes.

Sei que no alto, a escuridão permanecerá em pleno dia, a montanha solitariamente perdida, as árvores foram extintas, tudo está contaminado, por uma desgraçada metafísica.

Com efeito, a prevalecência do charlatanismo, fundamental a crença como transferência da libertação, no que se deve acreditar quando ainda não é louco.

Eles sabem que o único meio deste mundo do lado de cá, dar certo, é a sua transformação em escravo, entretanto, por que você contempla a vossa escravidão louvando o chicote.

Esquece, a tragédia é cultural faz parte do mundo comum dos mortais, sonhar é como suicidar-se no delírio.

Uma pedra, sequer existe trilho, a poesia equivocou-se, a filosofia morreu, o que sobrou um amontoado de gado a procura de pastagem, mugindo desesperadamente, como se existisse no infinito algum colorido especial.

Qual é o preço desta metamorfose, uma contra revolução efetivada por chibatadas, o solo está frio e desértico, o sonho a projeção do retardamento mental.

Em pleno verão vive o desespero, a vossa ignorância, qual é o caminho a não ser a ausência de cognição.

Ecoa no peito a respiração, o ar entupindo a sua saturação, uma manada disputando passagem.

O que devo dizer a não ser o infinito azul e límpido, as suas recordações, o impiedoso olhar perplexo as vossas fantasias.

O solo está improdutivo, a terra absolutamente quente como se fosse o próprio inferno, a mais absoluta desgraça.

A crença no delírio, que mundo é este a não ser a virtude transformada em tragédia, deste modo, é a construção do vosso céu.

Se prefere a loucura, fazendo da vossa cognição a barbárie um tempo perdido na ilusão do vosso grito, deste modo, a mimética do desespero.

O que será então, se o despertar contém a escuridão, além do grito, o silêncio do vosso berro.

Se você acreditar que o vosso sopro é o próprio espírito, no ar está a sepultura, compreenda então a vossa desgraça.

O mundo é o seu entendimento, os galhos estão secos, sei que espera pelos raios entre trovões, entretanto, não existem nuvens, os seus olhos são cegos.

Amanhã o dia será repetido, a noite também, todavia, não a vossa alma, canta a tristeza do caminho escolhido, cultivando o demônio imaginando ser deus.

Jagunço do vosso espírito, sendo você o seu próprio algoz.

Edjar Dias de Vasconcelos.

Edjar Dias de Vasconcelos
Enviado por Edjar Dias de Vasconcelos em 21/12/2020
Reeditado em 22/12/2020
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