VULCÂNICO
Etna
ética
étnica
etílica
a sensação vulcânica
assombra meu peito
novamente
erupções
lavas incandescentes
escorrem em minh'alma
negando tudo que afirmo
deformando
desformando
distorcendo
o eu formado
sabedor de tudo
todo conhecimento
adquirido em livros lidos
relidos
erupções cutâneas
alteram a textura da pele
camaleão
camuflado
percebo
pré sinto
o peito vulcanicamente
queimar a raiz d'alma
sombrio
assombrado
olho nos olhos
retenho na retina
meu inimigo
eu mesmo
sou o vulcão que explode
escandecente, ensandecido
faço de palavras palavrões
e da minha boca
cratera vulcânica
éter
eterno
etílico
travo
entravado espero
Godot? Não
outros já o esperam
absurdamente
me descubro
no campo de girassóis
de Van Gogh
sou a prostituta
que recebeu sua orelha
cortada
Antonin Artaud
opção pela loucura
Virgínia Woolf
Violeta Parra, Benjamin,
Maiakóvski
opção do suicídio
o óbvio
o ópio
a cicuta
então
de tocaia me aguardo
me espero
e quando me mostro
de terno e gravata
acompanho
segurando a alça do caixão
meu próprio enterro
deboche
fanfarronia
piada de mal gosto
sorrindo vendo morto
meu próprio rosto
quando anoitece
luto comigo mesmo
sou meu anjo demônio
noite adentro
não venço
não sou vencido
sinto, sei
pois assim
como o anjo e Jacó
servo fiel
Deus
não alterou meu nome
de José para Israel
éter
Etna
ética
étnica
etílica
eterna a poesia
me dá sobrevida
enquanto acabo
a carta suicida!