Silos do Parnaso (reedição da oficina poética)
Colhi milhões de versos e guardei-os
nos silos majestosos do Parnaso!
Um dia descobri, por um acaso,
que os versos que guardei eram alheios.
Alguns foram roubados de Picasso,
outros de Portinari e Caravaggio.
Portanto, todos eles eram plágio:
a arte copiada passo a passo.
Certo dia plantei, em um poema,
um verso que exprimia a dor suprema
do parto natural da poesia.
Colhi a poesia por inteiro,
que tinha a minha cara, o meu cheiro
e tudo mais que a dor me propicia.
Colhi também o que não me cabia
como ladrão, poeta ou jardineiro.
Colhi milhões de versos e guardei-os
nos silos majestosos do Parnaso!
Um dia descobri, por um acaso,
que os versos que guardei eram alheios.
Alguns foram roubados de Picasso,
outros de Portinari e Caravaggio.
Portanto, todos eles eram plágio:
a arte copiada passo a passo.
Certo dia plantei, em um poema,
um verso que exprimia a dor suprema
do parto natural da poesia.
Colhi a poesia por inteiro,
que tinha a minha cara, o meu cheiro
e tudo mais que a dor me propicia.
Colhi também o que não me cabia
como ladrão, poeta ou jardineiro.