A cura de um poeta
Lembro-me de certa vez,
Um coração partido,
Cada lágrima que me refez,
Um amor não correspondido.
E naquele dia,
Que afundei em mágoas,
Era choro à noite e risos de dia,
Engolindo um a um os cacos de lástimas.
Tão doloroso, mas tão libertador
Era escrever no lugar daqueles lindos versos,
Versos tão primitivos de amor,
Dentre amores submersos.
Como uma dose de puro mel,
Uma linda poesia me trouxe a doçura,
Como uma descarga de negatividade que me correu,
Escrever era como libertar o corpo da dor e amargura.
Não que fosse ódio,
Nem que fosse angústia,
Mas que fosse como um relógio,
A cada tic-tac, uma renúncia.
Renúncia do sofrimento,
Da alma daquele poeta insatisfeito,
Cada verso, um sentimento,
Mas não havia mais um coração tão estreito.
“Poetizar não é só arte, mas também a cura!”
A cura que mostra entre estrofes e rimas,
Aquilo que os olhos veem, em parte
E o corpo os sente, como se fossem microclimas.