Reinvenções
O violão empoeirado no canto descascado da parede, o sol que entrava por uma fresta da janela e o vento que sacudia devagar a cortina.
Lembrei-me da vontade que eu sentia de voar, quando criança, senti saudades da ingênua alegria da menina que corria de pés descalços, que sonhava em conhecer o mundo em seu tapete mágico imaginário.
Uma bolsa preta se fazia refletir através do espelho, as palavras eram demasiado duras para serem ditas, a dor doía por todo o corpo.
Uma gota de esperança insistia em não se apagar diante da realidade de um ano maldito. Às vastas confusões e marcas que não param de gritar, mas não se fazem entender.
O hábito fazia destonar e coloria de cinza aquelas tardes de solidão.
A tristeza chicoteava naqueles dias, tornando densa até a respiração.
Era preciso abrir os olhos, era possível reinventar, o que dava conta já se foi, talvez hajam modos de voar que não seja através de tapetes mágicos.